Informativo


28 - VIVER DE RENDA: COMO SE ORGANIZAR, QUANTO GUARDAR E COMO INVESTIR

02/06/2021

Entretanto, com planejamento e paciência é possível atingir o objetivo, mesmo que, em alguns casos, a renda não seja muito grande e sirva apenas como um complemento para a aposentadoria.

Mais do que definir uma quantia fixa que parece impossível de alcançar, a ideia é que você consiga tornar o investimento para viver de renda em algo orgânico, que faz parte das suas contas do mês.

Contudo, existem fatores que vão influenciar nos valores que você vai guardar, como:
* Idade;
* Prazo;
* Salário;
* Despesas.
* Planejamento
Ao colocar 10% do seu salário em aplicações conservadoras todos os meses, como Tesouro Direito, você pode viver de renda um dia, de acordo com cálculos da casa de análise Spiti.

Neste caso, se você tem uma rentabilidade nominal de 8% ao ano, você vai levar 31 anos para viver com os mesmos 90% de renda que você vive hoje, que é o que você gasta atualmente antes de reservar os 10% para investir.

Por exemplo, uma pessoa que ganha R$ 2 mil, guarda R$ 200 (10%) e gasta os outros R$ 1.800 para pagar as contas, vai conseguir viver com os mesmos R$ 1.800 de renda (em valores de hoje) dentro de 31 anos, se colocar o dinheiro em aplicações que paguem 8% ao ano do valor total investido.

O melhor é que este cálculo é de renda passiva, aquela que não subtrai dinheiro do seu patrimônio. Portanto, você consegue viver de renda e manter o montante economizado intacto, utilizando apenas os juros para pagar suas contas mensais.

"Quando você olha para uma Selic (taxa referência de juros) de 3,5% ao ano, imagina que é difícil achar uma aplicação de renda fixa que pague 8% ao ano. Mas no Tesouro Direto você tem título público prefixado, garantido pelo governo federal, com rendimento de 8,5% ao ano e com risco baixo de crédito. Alguns com prazos de três anos, nem é algo tão longo", afirma Guilherme Cadonhotto, responsável pelo estudo da Spiti.

Simulações
Se você quiser encurtar o prazo para atingir a meta, o segredo é aumentar o percentual que você guarda do salário ou buscar mais rentabilidade. Veja as simulações:
Com rentabilidade de 8% ao ano



Investimento


Tempo


Renda




10% do salário


378 meses (31 anos)


90% do salário




20% do salário


267 meses (22 anos)


80% do salário




30% do salário


202 meses (17 anos)


70% do salário




50% do salário


118 meses (10 anos)


50% do seu salário



Com rentabilidade de 10% ao ano



Investimento


Tempo


Renda




10% do salário


328 meses (27 anos)


90% do seu salário




20% do salário


238 meses (20 anos)


80% do seu salário




30% do salário


183 meses (15 anos)


70% do seu salário




50% do salário


111 meses (9 anos)


50% do seu salário



É importante você manter os valores percentuais ao longo do tempo. Se seu salário aumentar, o valor total guardado deve aumentar proporcionalmente. Dessa forma, sua renda não vai ficar defasada no futuro.

No caso da busca de uma rentabilidade maior, já não será possível manter os investimentos somente na renda fixa. É aí que entra a diversificação de carteira. Será preciso partir para aplicações moderadas e até mais arriscadas para conseguir esse nível de rendimento.

Inflação
Sempre que pensamos em algo a longo prazo, é preciso considerar a inflação, para garantir a manutenção do poder de compra com o passar dos anos.

De acordo com Cadonhotto, uma saída para o investidor é atualizar seus depósitos sempre de acordo com a inflação do período. Dessa forma, você conseguirá ter o valor corrigido quando finalmente começar a viver de renda.

Então se você vai investir 10% do seu salário, invista 10% mais o percentual da inflação daquele mês. Para quem quer investir com uma rentabilidade acima da inflação, o especialista também orienta o investidor a sempre buscar saber a meta de inflação do Banco Central. Se você deseja ganhar 8% acima da inflação e a meta é de 3%, deve buscar retornos de 11% ao ano.

Tempo e dinheiro
Vale reforçar que a quantidade que você guarda depende não só de disciplina, mas também do quanto você ganha. Isso é que vai determinar sua capacidade de pagar contas básicas e investir.

Uma pessoa que ganha um salário mínimo de R$ 1.045 vai ter uma capacidade de economia menor que uma pessoa que ganha R$ 5 mil. Depois de pagar moradia, alimentação e contas, naturalmente vai sobrar menos dinheiro para quem tem uma renda mais modesta.

Por isso, é importante que o objetivo seja condizente com a renda. Não adianta querer guardar 50% do salário e se endividar. Os juros e multas cobrados nas dívidas são capazes de minar qualquer rendimento de investimentos.

Um segundo ponto que você deve saber é que o objetivo financeiro viver de renda deve ser de longo prazo. Mas não desanime, porque quanto mais longo o prazo melhor sua capitalização tende a ser.

Outra estratégia para ir pouco a pouco construindo o sonho de viver de renda, é começar a investir com valores fixos. Mas lembre-se de que se você quer rentabilidade acima da inflação, deverá corrigir esses valores pelo IPCA todos os anos.

Confira nas tabelas as projeções de investimentos, quanto você terá de patrimônio e quanto tempo vai levar:

Projeção de patrimônio para viver de renda



Investimento mensal


Prazo


Juros nominais


Renda mensal após o prazo


Patrimônio




R$ 100


20 anos


8%


R$ 330,25


R$ 56.613,84




R$ 100


30 anos


8%


R$ 814,93


R$ 139.701,71




R$ 500


20 anos


8%


R$ 1.651,25


R$ 283.069,20




R$ 500


30 anos


8%


R$ 4.074,63


R$ 698.508,55




R$ 1000


20 anos


8%


R$ 3.302,47


R$ 566.138,41




R$ 1000


30 anos


8%


R$ 8.149,27


R$ 1.397.017,10



Aplicações
Se você já atingiu a quantia necessária para viver de renda é importante buscar aplicações que façam pagamentos periódicos dos seus rendimentos. Os três investimentos mais recomendados para quem quer viver de renda, que pagam retornos, cupons e dividendos com frequência são:
* Títulos do Tesouro Direto com juros semestrais;
* Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs);
* Ações que pagam bons dividendos.
Os títulos do Tesouro com juros semestrais pagam os rendimentos do investimento a cada seis meses para o investidor. Eles foram pensados justamente para pessoas que querem um completo de renda ou desejam viver de renda.

É possível receber os pagamentos a cada três meses se o investidor dividir o dinheiro em títulos com datas periódicas de pagamento diferentes.

Os FIIs geram salas comerciais, lajes e shoppings. O dinheiro do aluguel é repassado para os investidores desses fundos e ainda sem a incidência de imposto de renda. A remuneração pode acontecer todos os meses, mas isso depende de cada fundo.

As ações que pagam bons dividendos garantem aos acionistas uma porção interessante dos ganhos das empresas, proporcionais ao número de papéis que o investidor possui.

Uma dica para saber quais ações pagam bem os acionistas é conferir o índice de dividendos (IDIV) da B3, a bolsa de valores, onde são listados esses papéis.

"O interessante é que o investidor que quer viver de renda faça uma diversificação entre esses ativos. É uma maneira de garantir um bom rendimento médio", afirma Cadonhotto.

Fonte: Valor Investe
 
Voltar para listagem