Por: Luiz Nóbrega
Pergunta forte para começar esse artigo, concordo. Mas para que possamos pensar e refletir sobre o verdadeiro valor de nossa imagem é necessário ser um pouco profundo em nossa análise e assim ser, até por que não, dizer um pouco duro.
Essa reflexão me veio após ler uma notícia na mídia hoje sobre a perda de mais de 2 Bilhões de reais da rede Carrefour nos últimos dias após um homem ser assassinado em sua loja na cidade de Porto Alegre.
E antes de tratar desse incidente, pense um pouco quanto vale a sua imagem pessoal. Você como homem, mulher, pai, filho, amigo... De fato, não é um exercício simples, mas diria que é importante você refletir e provavelmente chegar à conclusão de que aquele antigo ditado de que leva um tempo enorme para construir uma imagem e poucos segundos para destruí-la é verdade.
Uma imagem bem vista, independente do contexto, leva tempo, custa sacrifícios, investimento e sua manutenção talvez seja até mais difícil que sua construção. O que vale dizer aqui é que a busca incessante pela forma ética e correta de agir é que garante uma boa imagem.
Levando nossa reflexão para o mundo corporativo, isso não e muito diferente. Existe um tempo e esforço (inclusive financeiro) para se construir uma imagem. Uma empresa ou uma entidade leva anos para se consolidar no mercado como uma empresa aceita pela comunidade.
O fato é que independente de anos ou meses, um escorregão pode levar todo esse esforço a perder, e é nesse sentido que a busca pela integridade deve ser recorrente com investimento, energia e muito esforço.
Nesse contexto é que os programas de compliance são vitais para construir e manter uma imagem. Algumas ferramentas de um programa de integridade podem ajudar e contribuir para que uma empresa se mantenha com uma imagem sólida.
Partindo assim para a análise do fatídico episódio ocorrido em Porto Alegre, gostaria de refletir nesse artigo sobre duas oportunidades inclusas no Programa de Compliance: Treinamento e Due Diligence.
A contratação de um fornecedor ou de um terceiro devem ser precedidas de uma investigação sobre quem é essa empresa. Desde a sua situação fiscal, que pode trazer consequências ao contratante, passando pela regularidade trabalhista (principalmente na cessão de mão de obra) até a qualidade dos serviços prestados.
É durante a Due Diligence que se tem a clarificação da situação desse terceiro, de indícios, que podem sim, trazer um juízo de valor sobre a qualidade e idoneidade desse que está ainda na qualidade de um pretenso fornecedor ou prestador de serviços.
E a Due Diligence é o primeiro passo. O contratante deve se certificar que no caso da cessão de mão de obra, a empresa forneça profissionais preparados e qualificados. É aqui que entra em cena os treinamentos. Segundo a Associação Brasileira dos Cursos de Formação de Vigilantes, um curso de vigilante dura 200 horas. E segundo a mesma Associação, existe muitas empresas contratando profissionais sem esse período de treinamento e formação.
Essa busca por profissionais não qualificados tem uma explicação - preço. De acordo com a Associação, um contrato de vigilância armada custa entre R$ 22 e R$ 24 mil ao passo que as empresas clandestinas esse valor cai para R$ 15 mil.
Uma economia real, sem dúvida. Mas qual o custo dessa barganha? Aqui voltamos para o enunciado desse artigo. Essa pseudo economia custa uma imagem. E não se iluda de que esse arranhão custa caro apenas para uma empresa global do porte do Carrefour. Não! Um dano à imagem por exemplo, em uma cidade pequena, com uma empresa local, tem uma consequência devastadora.
Daí, e de tudo o que falamos aqui, fica uma resposta ao título: Sua imagem vale muito. Cuide e invista. Ter um Programa de Compliance é um excelente investimento. Sempre relembro por exemplo uma estatística internacional de que cada US$ 1,00 investido em compliance tem um retorno de US$ 5,00.
*Luiz Nóbrega - Consultor de Compliance
Fonte: Contabilidade na TV